quarta-feira, agosto 19, 2009

PT RASGOU A PÁGINA DA ÉTICA

Começa a entrar água nos porões do PT. A quarta-feira foi de muitas novidades em Brasília. A senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva está deixando o Partido dos Trabalhadores, depois de uma militância de 30 anos. Há quem afirme que está tudo pronto para seu ingresso no PV – Partido Verde.
No senado a decisão da cúpula petista de apoiar o arquivamento definitivo das representações contra o presidente José Sarney provocou um racha no partido. O líder do PT no Senado Aloizio Mercadante e o senador Flávio Arns, criticaram duramente a intervenção do Planalto na decisão dos senadores e ameaçaram deixar a legenda.
Na reunião do Conselho de Ética, durante o exame do processo em que esteve exposto o senador Arthur Vigílio, nesta quarta-feira,19, a crise se estabeleceu com maior intensidade depois do discurso do senador Flávio Arns. Virgílio teve os processos contra ele arquivados por 15 votos à zero, unanimidade, portanto.
Após o resultado, vários senadores se fizeram ouvir. O que repercutiu pela sua impetuosidade foi a fala do senador pelo Pará, Flávio Arns. Ele disse que o PT “rasgou a página da ética”. Ao felicitar a postura e a coerência do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), Arns (PT-PR) disse estar envergonhado por ser filiado ao Partido dos Trabalhadores. “O PT rasgou a página fundamental de sua constituição, que é a ética", ao votar a favor do arquivamento, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal, das denúncias apresentadas contra o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP).
- O PT tem de buscar outra bandeira, porque a ética deixou de existir, foi jogada no lixo - afirmou o parlamentar, criticando particularmente a nota divulgada pelo presidente do partido, Ricardo Berzoini, "recomendando que ética fosse jogada no lixo".
Para Flávio Arns, seu partido "deu as costas para a social, para o povo, para seus princípios".
- Eu me envergonho de estar no PT, com esse direcionamento que o partido está fazendo. Quero dizer isso de maneira muito clara para todos os meus eleitores. Houve um equívoco. Quando entrei no partido, achava que bandeiras eram pra valer, não eram de mentira - afirmou o senador, acrescentando que as bandeiras que hoje movem o PT "são bandeiras eleitorais, bandeiras visando a eleição do ano que vem".
Flávio Arns afirmou que Arthur Virgílio, seja como deputado ou como senador, "tem honrado o mandato que o povo lhe confiou". Mas disse não poder dizer o mesmo de seus companheiros de partido que votaram a favor do arquivamento das denúncias contra Sarney. Ele lembrou que esses senadores assinaram um documento pedindo que as denúncias fossem investigadas, mas acabaram por tomar outra posição.
- Peço [a esses senadores] que prestem conta a seus eleitores para dizer por que se posicionaram de uma maneira em um documento discutido por todos e divulgado por escrito e votaram de outra maneira no Conselho de Ética - afirmou Flávio Arns, perguntando como se pode confiar em pessoas que tomam um posicionamento em um documento e depois tomam outro na prática.
Logo depois de falar durante a reunião do conselho, Arns deu entrevista à imprensa em que admitiu estar pensando em deixar o partido. Ele disse, no entanto, que espera fazer isso com o reconhecimento da Justiça, uma vez que, a seu ver, o PT teria se afastado de seus princípios.
O senador Aloízio Mercadante, por sua vez chegou a dizer que só não deixou o partido nesta quarta para não agravar ainda mais a crise.

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