segunda-feira, agosto 03, 2009

O BATE BOCA

Durante cerca de uma hora e meia os senadores Pedro Simon, Renam Clheiros e Fernando Collor realizaram ontem no plenário do Senado um frenético e intenso bate boca a cerca do pedido de afastamento do presidente José Sarney. Há muito não se ouvia tamanha troca de ofensas entre os três senadores.
Renan, que é um dos principais aliados de Sarney, acusou Simon de ter como "esporte preferido nos últimos 35 anos" falar mal do presidente do Senado.
“Na véspera do Collor ser cassado, Vossa Excelência largou o Collor. Tchau...tchau... Lá pelas tantas, apareceu como ministro da Justiça do Fernando Henrique. Lá pelas tantas, largou o FHC. Agora é o homem de confiança do Lula", disse Simon.
Irritado com as menções ao seu nome, Collor também partiu para o ataque contra Simon. Visivelmente ofegante Collor foi logo dizendo: acho que esta Casa não pode se agachar, não pode e não haverá de se agachar aquilo que mídia, ou certa parte da mídia deseja. Ela não conseguirá tirar o presidente José Sarney desta cadeira. Não conseguirá. Nem ela, nem o senhor, nem quem mais esteja deblaterando como o senhor deblatera parlapatão que é desta tribuna. “Peço, por favor, que antes de citar meu nome desta tribuna, Vossa Excelência engula e as digira e faça dela o que achar conveniente.”
Chamar o senador gaúcho Pedro Simon de parlapatão foi termo muito forte que o colega Jarbas Vasconcelos pediu que fosse retirado dos anais, mas o ex-presidente fez questão de não permitir.
Sabe o que quer dizer parlapatão? É tudo isto: fanfarrão, impostor, mentiroso, paspalhão e loroteiro.
Dos senadores presentes a sessão o que defendeu com mais impetuosidade foi Cristovam Buarque (PDT-DF) pediu a Simon que não "engula" nada.
— Sua credibilidade no país é porque vossa excelência diz o que precisa ser dito — disse Cristovam.
Ao que Simon declarou que não havia nada para retirar, pedindo novamente a renúncia de Sarney da Presidência do Senado.
Collor defendeu a permanência de Sarney no cargo. Collor comparou a situação vivida por Sarney com sua própria, quando então presidente da República, cargo do qual foi afastado por impeachment em 1992.
— Defendo a permanência de José Sarney nesta Casa porque não há ninguém com mais experiência e embocadura política do que ele. Tudo que ele está passando eu já passei. Eu sei como essas coisas são urdidas, tramadas, correm no subterrâneo — disse Collor, criticando a imprensa.
Collor ainda voltou a criticar a Simon: Tenho recebido de formas repetidas por este senador, sempre, alguns comentários, que não me fazem bem, que me ofendem, mas que deixo passar, em função de sua história, por estar há 30 anos. (...) Quero lamentar os termos que aqui usei em relação a ele, mas não retiro uma palavra do que aqui disse — disse Collor, voltando a pedir a Simon que "não cite mais o seu nome".
A sessão desta segunda-feira do Senado foi como há muito tempo não se realizava., mas, também, de muita hipocresia.

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