quinta-feira, maio 29, 2008

O AMIGO QUE SE FOI
Francisco B.Dias – de P.Alegre
Ao final desta terça-feira recebo a triste notícia do falecimento do advogado, jornalista e radialista Waldemar De Toni Junior, filho de tradicional família de Itatiba do Sul, mas erechinense de alma e coração.
Nossa amizade começou em 1962 quando Ydillio Badaloti recém nomeado gerente da Rádio Difusão nos contratou para fazer parte da nova equipe da emissora, enriquecida mais tarde com as contratações Milton Doninelli, Idivar Francisco Appio, Wilson Vrubel, Sérgio Azevedo, Flávio Morceli, que se juntaram aos remanescentes Paulo Cagliari, Sérvio Pedrollo, Cláudio Rosa, Alcir Peter e tantos outros que hoje fazem parte da Difusão.
Detoni conciliava o trabalho de redator e repórter com seus estudos na Faculdade de Direito de Passo Fundo.
Sua paixão era a política, mas nunca se elegeu pra nada. Queria vê-lo entusiasmado era dar-lhe uma missão política a cumprir. Tanto que alguns até o cognominavam de "filho político de João Caruso e José Mandelli Filho" a quem - diga-se de passagem - teve ligações muito íntimas com os grandes líderes trabalhistas da região. Na campanha do general Lott para presidência da República, Waldemar De Toni Junior era um daqueles que nos comícios desempenhava a função de locutor animador e anunciador.
Depois de formado em direito foi procurador do Município, enfim, teve sempre destacada atuação na comunidade, com muitos trabalhos junto ao Rotary Club Paiol Grande, sendo um de seus fundadores, presidente e governador do Distro 466.
Sua permanência entre nós acaba aos 70 anos de idade, Detoni deixou um legado marcante em todas as atividades exercidas na comunidade.
Era casado com Marlene com teve quatro filhos: Márcia, Paulo, Isabel Betio e Elisabeth. Valdemar Detoni Junior, foi parceiro com Ruther Von Mülhen, na fundação da antiga TV Erechim, hoje TV Alto Uruguai da RBS, tendo sido seu primeiro gerente e apresentador de programas noticiosos.
Foi professor do extinto "Artigo 99". Fez parte da mobilização para a implantação do terceiro grau em Erechim na década de 1960 e 1970.
Na política nunca mudou de partido, tendo ingressado no MDB no período revolucionário, e finalmente no PMDB, onde foi o idealizador da microrregional do Alto Uruguai, em 1980, exemplo seguido pelo partido para organizar-se no Estado.
Lembro de uma passagem dele, na Rádio Difusão que nunca mais esqueci. A emissora acabara de realizar a Campanha do Agasalho, era mais ou menos nesta época de outono para inverno. Foi uma loucura o que se arrecadou em roupas e agasalhos que, depois de selecionados, distribuímos a várias entidades filantrópicas. Mas, na cidade perambulava pelo centro um mendigo muito conhecido que fazia ponto na frente do Café Grazziotin. Sempre maltrapilho, sujo e epiléptico, esse pedinte foi escolhido por De Toni para proporcionar-lhe uma vida nova. Pelo menos mudar a sua aparência. Levou-o até o Presídio Municipal, e com a colaboração do administrador deram-lhe um banho e cortaram-lhe os cabelos. Deixaram o pobre mendigo outra pessoa, ninguém mais o conhecia. Terno, gravata, sapato e chapéu, imaginem a pinta do sujeito!
Feito isto, De Toni deu-lhe dinheiro e combinou que ele deveria voltar ao Café Grazziotin e sentar-se a mesma mesa em que se encontrava o advogado Alcebíades da Cunha Cabral (Cocó), pedir-lhe licença, um cafezinho, acender um cigarro e abrir o jornal Correio do Povo. E ele cumpriu rigorosamente ás instruções. Somente depois de vários minutos é que Cabral reconheceu que o seu companheiro de mesa era o mendigo de horas atrás. Foi uma brincadeira de bom gosto aprontada ao seu velho amigo.
Este era o Waldemar De Toni Junior, personalidade hiperativa, alegre, brincalhão e meu grade amigo. Vou ter saudades dele.