quinta-feira, julho 15, 2010

PALMADA

Alô papai! Alô mamãe!
Agora é proibido dar palmada, submeter seu filho a castigos corporais e “tratamento cruel e desgastante” contra crianças e adolescentes. Estas medidas constam de mensagem encaminhando projeto de lei ao Congresso sobre a questão, pelo presidente Lula.
A medida ocorre 20 anos após a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e será incorporado a ele, estatuto.
Durante a cerimônia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede provisória do governo, Lula comentou sobre possíveis críticas ao projeto. “Vai ter muita gente reacionária nesse País, que vai dizer ”Não, tão querendo impedir que a mãe eduque o filho”, ”Tão querendo impedir que a mãe pegue uma chinelinha Havaiana e dê um tapinha na bunda da criança”. Ninguém quer proibir o pai de ser pai e a mãe de ser mãe. Ninguém quer proibir. O que nós queremos é apenas dizer ”é possível fazer as coisas de forma diferenciada”, disse.
Se punição resolvesse o problema, continuou o presidente, “a gente não teria tanta corrupção nesse País, a gente não tinha tanto bandido travestido de santo”. “Beliscão é uma coisa que dói”, afirmou. Mas, para isto, salvo melhor estudo, não há necessidade de o Estado intervir da forma como quer o presidente. É uma questão de educação, de mostrar que o caminho não é bater, dar palmadas, puxões de cabelo etc.
O presidente aproveitou a ocasião para falar sobre os seus tempos de infância. “Eu não lembro da minha mãe ter batido num filho. O máximo que ela fazia às vezes era a gente, cinco homens deitados numa cama, ela vinha com o chinelo, a gente esticava o cobertor, e ela ficava batendo, e a gente fingindo que estava batendo, doendo, gritando, e ela ia embora, quem sabe cansada, e a gente tirava o cobertor e começava a rir”. Sobre o pai, prosseguiu, nunca apanhou dele, apesar de considerá-lo um homem bruto.
Essa história de dizer que nos dias de hoje, com os avanços da psicologia, da psiquiatria, a agressão a uma criança pode trazer danos irreparáveis à sua formação, é relativo. Eu mesmo, levei palmadas quando criança e não saí com minha personalidade deformada. Claro que não eram agressões violentas de deixar marcas, ematômas, arranhões...eram palmadas que demonstravam até onde meus limites deveriam chegar!
A questão é polêmica e de discordância entre especialistas em educação. Mesmo contrária à palmada, a filósofa, mestre em educação e autora de 19 livros – entre eles, Limites sem Traumas –, Tania Zagury, classificou como ingerência excessiva do Estado a medida. Ela acredita que a origem do projeto é boa, no sentido de evitar o espancamento, mas que a proposta é controversa. Segundo a filósofa essa lei não terá condições de ser cumprida. Não temos Poder Judiciário para resolver casos seríssimos, como os de assassinatos, como poderemos ter para casos como esses? Além disso, não precisamos de uma lei como essa, já temos uma legislação que trata do agressor físico, seja pai ou não. Muito bem colocado. É isso aí.

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