quinta-feira, julho 08, 2010

ESTÁ NA HORA DE MUDAR

Também estou de acordo com o que disse o técnico Emerson Leão em entrevista coletiva em Goiás, onde treina o time do mesmo nome, quando dispara críticas contra o senhor Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Está na hora do mandatário pegar o seu boné e dizer tchau. Se treinador de seleção muda a cada quatro anos, por que Ricardo Teixeira tem de permanecer perpétuo á frente da Confederação Brasileira de Futebol?
Está na hora de mudar tudo. Olha só a ironia de Leão quando os jornalistas perguntaram sobre a demissão de Dunga e renovação da equipe.
– Eu pensei que ele ia fazer parte da lista de dispensa também. Já se somou os anos que esse senhor vai ficar até 2014? De quando ele entrou até 2014 significam 25 anos de poder. Demite todo mundo, mas esquece de olhar-se no espelho. Nós temos preocupação com a vergonha que ocorre dentro da CBF, acho que o governo deveria tomar partido – disparou o treinador.
Pensando bem Leão tem razão. Como alguém permanece 25 anos ininterruptos dirigindo uma entidade como a CBF.
Sem querer entrar no assunto de quem deve assumir a seleção neste momento, Leão foi firme em sua posição e chegou a sugerir uma intervenção do governo nas práticas adotadas pela CBF.
Olha só o que ele disse:
- Não temos que ter preocupação com técnico, com convocação. Temos que ter preocupação com o que está acontecendo dentro da CBF. Eu acho que os órgãos principais do governo deviam tomar partido.
Leão defendeu o gol da seleção brasileira nas Copas de 1970 e 1986, como reserva, e de 1974 e 1978, como titular. Agora, discute-se quem será o novo treinador da seleção. Quatro nomes aparecem com certa preferência para herdar o cargo: Muricy Ramalho, do Fluminense, (que disse não ter sido procurado); do Ricardo Gomes, do São Paulo, Mano Menezes, do Corinthians, e Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras. A CBF confirmou que anunciará o nome até o fim de julho.
Revendo a biografia de Ricardo Teixeira dá para perceber porque vem se eternizando no poder. O homem é genro de João Havelange. Até o nome do primeiro filho fez um agrado ao sogro ao registrá-lo com o nome Havelange, colocando por último o sobrenome materno, ao contrário do que determina a lei brasileira.
Escândalos e denúncias de nepotismo no preenchimento de cargos na CBF atingiriam a gestão de Teixeira, além de pagamento de viagens para países sedes da Copa do Mundo a magistrados e outras autoridades, importação irregular de equipamentos para sua choperia El Turf, no Rio de Janeiro, após a Copa de 1994; celebração de contratos lesivos para o futebol brasileiro, em especial com a fabricante de artigos esportivos Nike, omissão das declarações de rendimentos apresentadas nos exercícios de 1991, 1992 e 1993 dos valores por ele mensalmente auferidos, omissão de rendimentos provenientes de atividades rurais nas fazendas Santa Rosa I e II, localizadas no município de Piraí/RJ.
Também deu dinheiro da CBF para campanhas políticas de dirigentes esportivos, com o intuito de manter no Congresso Nacional uma bancada de deputados e senadores para defender a seus interesses (manter-se no controle da CBF, impedir investigações sobre corrupção dentro da CBF), que ficou conhecida como bancada da bola. Com a montagem deste esquema de poder, assegurou suas quatro reeleições.
Em 1998, vê-se envolvido em comissões parlamentares de inquérito na Câmara de Deputados e no Senado Federal, mas, com auxílio de congressistas fiéis, consegue se livrar das acusações. Prestou depoimento em duas CPIs, a do futebol e a da CBF-Nike.
Em 2000, Ricardo Teixeira prestou depoimento na CPI do Futebol. Até 1996 a CBF apresentava lucro. Neste ano assinou um contrato com a Nike no valor de 160 milhões de dólares e a partir de então começou a ter prejuízos, ano após ano. A entidade então tomou dinheiro emprestado de origem duvidosa, pagando juros muito mais altos do que o de mercado, em alguns casos de cerca de 43%. Descobriu-se uma série de empresas suas e de comparsas ligadas a transações irregulares de dinheiro. Afirmou em depoimento na CPI que havia ganhado tanto dinheiro investindo em ações, mesmo sabendo-se que havia falido neste ramo no início de sua carreira. Também prestaram depoimentos Vanderley Luxemburgo, Eurico Miranda e o empresário J.Hawilla. A Receita Federal autuou a CBF em R$ 14.408.660,80 por dívidas com o Fisco.
Na CPI da CBF-Nike, que contou com declarações de Zagallo, João Havelange e do atacante Ronaldo, Ricardo Teixeira foi acusado por Aldo Rebelo de fazer complô para tentar enfraquecer o trabalho das CPIs, por unir forças com Pelé, que antes o acusava de corrupçãoTeixeira prestou esclarecimentos sobre a CBF, atividades pessoais e de suas empresas, como o restaurante carioca El Turf. Em janeiro de 2002, Teixeira obteve liminar da Justiça proibindo a impressão e distribuição do livro "CBF-Nike", de autoria dos deputados Sílvio Torres e Aldo Rebelo. A obra relatava todas as investigações que devassaram seus negócios. Atualmente Aldo Rebelo é amigo pessoal e confidente de Ricardo Teixeira. Está disponível na internet um resumo do relatório final da CPI.
Em 2007, a bancada da bola agiu novamente sob influência de Ricardo Teixeira e de 12 governadores, que previamente foram à Europa à convite de Ricardo Teixeira, por ocasião da escolha do país sede da copa do mundo de 2014, para impedir a instalação da CPMI do Corinthians/MSI, com a retirada de votos a favor da CPMI na última hora. O argumento era que a CPI poderia influenciar na escolha da sede. No epsódio, 71 parlamentares mudaram de opinião, e apenas 3 se justificaram.
Sobre o epsódio, Juca Kfuri escreveu: "Momento trágico: Nada mais repulsivo que a campanha do presidente da CBF contra a CPMI Corinthians/MSI. E nada mais revelador de quem são alguns parlamentares de todos, rigorosamente todos, os grandes partidos. Daí o "jogo da família" ter sido o do senta, levanta. Em seu blog, Juca Kfuri publicou ainda a lista com os nomes dos parlamentares que mudaram seus votos. São 18 parlamentares mineiros e 8 paulistas, entre muitos outros.
Esse é o homem forte da CBF. Que currículo, heim!!!!!!!

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