UM DISCURSO QUE VALE UMA ELEIÇÃO
Uma palavra mal colocada em um discurso político mal preparado pode derrubar um candidato preferido nas pesquisas. Lembro de uma história que vale a pena ser recordada neste momento em que aumenta a expectativa de quem será o vitorioso no pleito de 3 de outubro: o da pesquisa ou o que aparece em segundo lugar.
Há alguns anos passados, como acontece agora, corria o pleito eleitoral para escolha de prefeitos e vereadores num município da Região do Alto Uruguai. Dois candidatos se destacavam, um representando na época o partido da direita e o outro da esquerda. A campanha se desenvolvia dentro da normalidade de um pleito eleitoral, até que, ao se aproximar o dia da votação, as ofensas e maledicências eram cada vez mais acirradas.
Para que não houvesse uma conflagração entre as facções políticas, e principalmente entre os dois candidatos, o padre da Paróquia tomou a si a iniciativa de reunir os dois postulantes ao cargo de prefeito na Casa Canônica, para transmitir-lhes que a comunidade mostrava-se preocupada com o ambiente hostil e desafeiçoado que o rumo da campanha havia tomado, e que ambos deveriam cessar as agressões verbais nas reuniões que promoviam, a fim de se chegar no dia da eleição com paz e amor.
Tanto um como outro concordaram e prometeram seguir os conselhos do padre que por sua sugestão, houvesse na cidade como encerramento da campanha, um grande comício conjunto. Tudo acertado, dia hora e local.
Imagine você, leitor, a noite do grande comício. A praça apinhada de gente, o palco erguido, e a banda de música animava os momentos precedentes da apresentação dos candidatos.
Um deles era mais jovem, bem falante, o outro, idoso, trabalhador, se não me engano marceneiro. A população que já aguardava cedo o espetáculo político começava a ficar impaciente até que veio o anúncio de que o comício iria começar. Quem falaria primeiro o jovem, ou o mais velho? Eis que, para acalmar uma pequena discussão entre os assessores dos candidatos, novamente o padre da Paróquia é chamado a colaborar e aconselhou que se fizesse um sorteio. O primeiro orador a se manifestar foi o rapaz. Gastou mais de meia hora para dizer aos eleitores, dos seus propósitos se eleito fosse, e que saberia levar o município uma nova fase de desenvolvimento etc. Mas, antes de concluir alfinetou o adversário, rompendo o acordo de que não ocorreriam agressões verbais. Entre outras ofensas chamou seu competidor de mentiroso e enganador, pois que não era verdade o que apregoava ser obra sua o bonito portal da Igreja Matriz... O mal estar se formou e ambos quase foram as vias de fato em pleno palco.
A resposta veio em seguida. A fala do segundo candidato não durou cinco minutos, no sotaque italiano do nosso interior com o “r” carregado. Disse mais ou menos o seguinte: “Querrido povo de... esse indióta que tá qui, não rrespeitou nem meus cabelos brrancos. Bem que poderia ser meu filho! Namorrei a mãe dele durante 15 anos e não casei com ela porque não prrestava!” Chamou ele de quê?
E, ao final, não se sabe se foi por efeito do seu discurso ou não, o velho acabou sendo eleito.
É por isto que um discurso ou uma entrevista ofensiva, pode transformar o adversário vítima e levar o candidato a perder uma eleição. Esta história é um exemplo.
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