sexta-feira, setembro 24, 2010

UM DISCURSO QUE VALE UMA ELEIÇÃO
Uma palavra mal colocada em um discurso político mal preparado pode derrubar um candidato preferido nas pesquisas. Lembro de uma história que vale a pena ser recordada neste momento em que aumenta a expectativa de quem será o vitorioso no pleito de 3 de outubro: o da pesquisa ou o que aparece em segundo lugar.
Há alguns anos passados, como acontece agora, corria o pleito eleitoral para escolha de prefeitos e vereadores num município da Região do Alto Uruguai. Dois candidatos se destacavam, um representando na época o partido da direita e o outro da esquerda. A campanha se desenvolvia dentro da normalidade de um pleito eleitoral, até que, ao se aproximar o dia da votação, as ofensas e maledicências eram cada vez mais acirradas.
Para que não houvesse uma conflagração entre as facções políticas, e principalmente entre os dois candidatos, o padre da Paróquia tomou a si a iniciativa de reunir os dois postulantes ao cargo de prefeito na Casa Canônica, para transmitir-lhes que a comunidade mostrava-se preocupada com o ambiente hostil e desafeiçoado que o rumo da campanha havia tomado, e que ambos deveriam cessar as agressões verbais nas reuniões que promoviam, a fim de se chegar no dia da eleição com paz e amor.
Tanto um como outro concordaram e prometeram seguir os conselhos do padre que por sua sugestão, houvesse na cidade como encerramento da campanha, um grande comício conjunto. Tudo acertado, dia hora e local.
Imagine você, leitor, a noite do grande comício. A praça apinhada de gente, o palco erguido, e a banda de música animava os momentos precedentes da apresentação dos candidatos.
Um deles era mais jovem, bem falante, o outro, idoso, trabalhador, se não me engano marceneiro. A população que já aguardava cedo o espetáculo político começava a ficar impaciente até que veio o anúncio de que o comício iria começar. Quem falaria primeiro o jovem, ou o mais velho? Eis que, para acalmar uma pequena discussão entre os assessores dos candidatos, novamente o padre da Paróquia é chamado a colaborar e aconselhou que se fizesse um sorteio. O primeiro orador a se manifestar foi o rapaz. Gastou mais de meia hora para dizer aos eleitores, dos seus propósitos se eleito fosse, e que saberia levar o município uma nova fase de desenvolvimento etc. Mas, antes de concluir alfinetou o adversário, rompendo o acordo de que não ocorreriam agressões verbais. Entre outras ofensas chamou seu competidor de mentiroso e enganador, pois que não era verdade o que apregoava ser obra sua o bonito portal da Igreja Matriz... O mal estar se formou e ambos quase foram as vias de fato em pleno palco.
A resposta veio em seguida. A fala do segundo candidato não durou cinco minutos, no sotaque italiano do nosso interior com o “r” carregado. Disse mais ou menos o seguinte: “Querrido povo de... esse indióta que tá qui, não rrespeitou nem meus cabelos brrancos. Bem que poderia ser meu filho! Namorrei a mãe dele durante 15 anos e não casei com ela porque não prrestava!” Chamou ele de quê?
E, ao final, não se sabe se foi por efeito do seu discurso ou não, o velho acabou sendo eleito.
É por isto que um discurso ou uma entrevista ofensiva, pode transformar o adversário vítima e levar o candidato a perder uma eleição. Esta história é um exemplo.

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