sábado, julho 04, 2009

O COME GENTE

Estava navegando pela Internet no fim de semana e qual não foi minha surpresa. Encontrei no site do Fantástico, da TV-Globo, uma notícia que foi divulgada em 29.09.2002 e que tem a ver com a história dos crimes mais hediondos que ocorreram em Erechim. O título da matéria é “Um canibal assustou o sul”.
Fim de tarde no Alto Uruguai. Os moradores da região estão curiosos. Vão conhecer no cinema a história que até hoje achavam ser apenas ficção. Um crime monstruoso que há 71 anos chocou Erechim, no norte do Rio Grande do Sul.
O “Come-gente”, como ficou conhecido Ignácio Svarczinski Frenkzak, era polonês. Chegou ao Brasil no fim da década de 20 e foi trabalhar e morar na propriedade de outro polonês. Ele se apaixonou pela filha do patrão, mas o amor não foi correspondido e nem aceito pela família da moça.
“Isso deixou, de certa forma, o Ignácio arrasado, sem nenhuma auto-estima e essas motivações fizeram com que ele praticasse então este crime sem precedentes no sul do Brasil até então”, observa o pesquisador Enori Chiaparini.
Os pesquisadores Altair Menegatti e Enori Chiaparini sempre se interessaram pela história. Mas só passaram a acreditar nela quando viram, em 1991, duas fotos tiradas na época. E começaram uma longa investigação.
A procura por provas levou dez anos. Os pesquisadores tinham depoimentos, notícias de jornal, mas faltava um documento oficial. Só no ano passado, eles encontraram um processo sobre o caso, 137 páginas escritas à mão. O documento prova que Ignácio Frenkzak foi réu confesso e revela com detalhes assombrosos como ele praticou o crime.
Depois que conheceu a história, o vendedor Osnei de Lima, que nunca tinha feito cinema antes, decidiu produzir um filme. As gravações foram feitas com uma câmera de um vizinho, amigos como atores e R$ 6,5 mil, doados pela comunidade.
“Essa história é muito marcante, é muito fascinante. Então isso mexeu comigo e aquele desejo que eu tinha veio à tona e eu consegui realizá-lo. É um grande sonho”, diz Osnei.
Dona Jaci Castro é a única testemunha viva de que tudo é mesmo verdade. Tinha seis anos quando um homem foi morto e teve partes do corpo comido por um canibal. Curiosa, ela foi ao velório junto com o irmão mais velho. “Levantou o pano e nós olhamos aquele pedaço de carne ali dentro. E viram que era carne de gente. Aquilo nos apavorou!”, lembra dona Jaci.
De acordo com os pesquisadores, o provável local do crime fica em uma área a dez quilômetros do atual centro da cidade. Eram 22h, quando o polonês Ignácio Frenkzak matou e esquartejou o antigo patrão. Depois, assou e comeu partes do corpo dele.
Segundo o que está nos autos dos processos, na manhã do dia seguinte, ele voltou a comer carne humana. Desta vez, com polenta.
O filme, de 35 minutos, recria o horror das cenas reais. E é sucesso na região. Salas lotadas em todas as exibições. O público se emociona e se assusta com as imagens chocantes.
O crime aconteceu em 17 de fevereiro de 1930. Dias depois, o “Come-gente” foi capturado. Na ficção, ele consegue escapar e foge em uma carroça. Na vida real, pula de um trem em movimento, quando estava sendo levado para a penitenciária. Se fez outras vítimas depois disso, é um mistério.



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