segunda-feira, junho 29, 2009

A DOR DE DENTE

Se há uma dor que incomoda e deixa a gente louca é a doer de dente. No início você apela para os remédios caseiros: bochecho com sal e água, chá de malva, cachaça, e tem quem usa ate álcool. Não surtindo efeito começa a automedicação com os analgésicos, e aí começa o perigo. Se a pessoa não é comedida pode se complicar correndo o risco de ser acometida por overdose. O mais indicado mesmo é procurar imediatamente um dentista. Mas, a maioria não faz isso, prefere tentar resolver por contra própria a impertinente dor de dente, e acaba se complicando mais ainda. Não tem jeito, ninguém escapa do dentista.
Fiz este intróito para contar que em 1956, fui acometido de uma terrível dor em um dente que já vinha careado desde o quartel. Não fazia mais que dois meses havia dado baixa, e a família organizara uma festa de bodas de ouro de meus avós. Naquela manhã de sábado fazia frio e havia muita cerração. Levantei mais cedo que nos dias anteriores para auxiliar na organização do churrasco. Do centro da cidade até o local da festa distava aproximadamente 5 km. A condução que usei foi uma Lambretta que recém havia comprado.
Certamente a friagem apanhada pela brisa fria daquela manhã foi a causa inicial da dor no meu dente. Inicialmente fiz os procedimentos caseiros, usei sal, tomei Melhoral e buchecho com cachaça. Nada adiantou e a dor continuava cada vez mais forte ainda. O churrasco estava quase pronto para ser servido. Não deu para agüentar. Tive que ir para casa e tentar dar um jeito na impertinente dor. Naquela época era difícil dentista trabalhar aos fins de semana. Pois tive que agüentar até a segunda-feira de manhã. Não dormi duas noites. Nunca esqueço. Fui o primeiro a ser atendido pelo Dr. Frey, cujo consultório ficava na casa do sogro na Av. Maurício Cardoso.
Não suportando mais a dor e o martírio, dei-lhe ordem para extrair todos os meus dentes, com a justificativa de que nunca mais enquanto vivo fosse, desejaria sentir dor de dente. Tentou convencer-me que o caso tinha outra solução que não a extração, mas fui categórico:
- Dr. arranca tudo...arranca!
Na primeira leva foi seis, depois o restante do maxilar superior.
- Que maravilha! Adeus dor de dente!
Pois, passados todos esses anos, um dente dos que restaram novamente me ataca. Só tenho hora no dentista na quinta-feira. Estou pensando seriamente se volto, ou não, a dar ordens para o dentista para acabar de uma vez por todas com a incômoda dor, fazendo o que fiz há 43 anos. Esse foi o tempo em que passei sem ser molestado pelos meus dentes.Se o Dr. me aconselhar e convencer que não há necessidade de extraí-lo, muito bem. Caso contrário vou agir como quando tinha meus 19 anos:
- Dr! Arranca.
Até morrer não quer mais sentir dor de dente!

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