segunda-feira, outubro 18, 2010

BOATO OU VERDADEIRO
Estes próximos dias serão decisivos para o eleitor se definir em quem vai votar dia 31 de outubro a presidente da República, no segundo turno.
No primeiro turno, venceu Dilma Rousseff (PT), cujo percentual não ultrapassou os 51% conforme a Lei Eleitoral, contra José Serra (PSDB).
Há dias que uma forte campanha vem sendo feita contra a ex-ministra da Casa Civil, calcada na disposição de oficializar o aborto no Brasil.
É boato. Mas, enquanto a questão não ficar muito bem esclarecida vai prevalecer o disque-disque, e até ser provado que focinho de porco não é tomada de luz, chega o dia da aleição e Serra poderá tirar proveito disso.
Essa história da regulamentação do aborto me faz lembrar quando se iniciou no Congresso Nacional a discussão da Lei do Divórcio, de autoria do falecido senador Nelson Carneiro. A Igreja Católica na época desenvolveu uma campanha terrível contra o projeto, e o senador foi ameaçado com a excomunhão bem como os que eram a favor da idéia. Ao cabo de mais de 20 anos, e já não mais com a oposição ferrenha da Igreja, o projeto venceu e não causou os malefícios que a oposição defendia. Aliás, foi uma solução e não um problema.
A discussão sobre a regulamentação do aborto é mais complicada e bastante polêmica.
Está na constituição que somente em dois casos é permitido à mulher praticá-lo: estupro e risco de morte da mãe. Nos demais é crime.
Na quinta-feira, 14, a ex-ministra teve um encontro em Brasília com lideranças religiosas onde se compromissou em não apresentar nenhum projeto de alteração a Constituição sobre o que está escrito a respeito do aborto, e mais uma vez afirmou nunca ter feito declarações de que era favorável a uma revisão na respectiva Lei.
O efeito do desmentido às vezes vem tarde e é por isto que na pesquisa divulgada pelos principais institutos – Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus – Dilma apresenta uma diminuição na preferência dos eleitores e os números são parecidos nas suas primeiras pesquisas depois do primeiro turno: Serra tem de 40% no Vox Populi e 41% no Datafolha, a 43% nas medições do Ibope e do Sensus.
Já Dilma vai de 47% no Sensus, passando por 48% no Vox Populi e no Datafolha, até 49% no Ibope.
No entanto, quando se observa apenas a diferença entre os candidatos, pode se encontrar algumas distorções, em função dos Institutos terem aferido índices maiores ou menores de determinado candidato.
Com isso, segundo o Vox Populi, Dilma mantém uma dianteira relativamente folgada (48% a 40%) e, pelo Sensus, já pode se identificar um empate técnico (47% a 43%). Ibope (49% a 43%) e Datafolha (48% a 41%) registraram uma diferença média em relação a todos os institutos.
Na média entre os quatro institutos, Dilma tem hoje 48% e Serra 42% (considerados dois pontos para mais ou para menos). Segundo os especialistas em pesquisas, a média (muito usado nos Estados Unidos, por exemplo) tem a vantagem de diluir eventuais pontos fora da curva em uma sequência de pesquisas, mas é mais lenta para detectar mudanças bruscas de tendência do eleitorado.
Fechada a rodada com todos os institutos, o que se pode concluir é que Serra herdou a maior parte dos votos dados a Marina, reduzindo a distância para Dilma e tornando a disputa mais acirrada e, por ora, indefinida. No entanto, ainda não é possível saber se os primeiros resultados captados pelos institutos são uma acomodação pós segundo-turno ou uma tendência de crescimento de Serra e queda de Dilma. A partir da próxima pesquisa que deverá sair até sábado será possível começar a identificar possíveis tendências (de mudança para um dos lados ou de estabilidade.

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