segunda-feira, março 29, 2010

PEDIDO DE DESCULPAS

Já foi assunto deste modesto articulista, neste espaço, e no Jornal Bom Dia, de Erechim, o logro, a marosca aplicada a milhões de pessoas que mantinham suas poupanças em Bancos e Caixas Econômicas, pelo então presidente da República, Fernando Collor de Mello.
Passados todos esses anos vem agora o senador alagoano “pedir desculpas, as mais sentidas e as mais humildes a todos que passaram por constrangimentos, traumas, medos, incertezas e dramas pessoais com o bloqueio do dinheiro”.
Da tribuna do senado ele afirmou que se fosse hoje, seguramente não tomaria a mesma medida, ou seja, não faria o bloqueio e encontraria uma fórmula menos traumática.
Entre milhares de brasileiros prejudicados eu também fui uma das vítimas do bloqueio. Levei mais de ano para juntar uns trocados e no dia do confisco, lembro ainda, o valor do empréstimo compulsório passava apenas 10 cruzados.
Foi seu primeiro ato como presidente no dia seguinte a posse. Que decepção!
Naquela ocasião escrevi-lhe uma carta em que manifestava toda minha ira e protesto como de muitos brasileiros e brasileiras, anexando um folheto distribuído pelo Brasil em que continha seu programa de governo e a promessa de que a poupança seria intocável.
Cuspiu pra cima.
Na terça-feira, 16, completou-se 20 anos do malfadado Plano Collor, pois foi nessa data em 1990 que o Brasil tomou um susto. Pela televisão, os brasileiros assistiram à Ministra Zélia Cardoso, anunciar diversas medidas, entre elas, o confisco dos investimentos, inclusive das poupanças, que ultrapassassem a quantia de NCZ$ 50 mil (cruzados novos).
Segundo o Plano Collor, as quantias bloqueadas seriam transferidas para o Banco Central e a partir daí passariam a receber correção pelo BTNF. Assim, os excedentes das poupanças que aniversariavam na 2ª quinzena de março de 1990 não seriam mais corrigidas pelo IPC do mês de março (84,32%), mas sim pelo BTNF (Bônus do Tesouro Nacional Fiscal), que no mesmo período acumulara uma variação de 41,28%.
Mesmo diante da definição da Justiça pelo BTNF como fator de correção dos ativos bloqueados, permanece uma injustiça para com os poupadores.
Com o aposentado não foi diferente. No seu “Projeto Brasil Novo” olha só o que ele disse: “A correlação constitucional dos valores das aposentadorias com o salário mínimo será mantida em qualquer circunstância, pondo-se fim de vez à terrível discriminação de que foram vítimas, durante tantos anos e ainda hoje, os beneficiários do sistema previdenciário. O aposentado precisa de justiça, não de caridade!”
Esta afirmação foi feita na Convenção Nacional do PRN – Partido Renovador Nacional – em Brasília, na sua proposta para reconstruir o Brasil. Tudo conversa.
A propósito do aumento para os aposentados que foi assunto para longos debates no final de 2009, o senador Paulo Paim, intitulado defensor da categoria, disse ontem que tudo continua igual. Até agora não mudou nada. Quem ganha salário-mínimo, muito justamente teve seu valor recuperado. Quem recebe acima dele está sendo achatado, ano após ano. Mais uma vez a profecia se concretizará: em um horizonte não muito longe, todos, no INSS, ganharão o mínimo. É disso que o governo gosta. Eu só quero ver se os aposentados vão votar na candidata governista.

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