sexta-feira, março 19, 2010

GREVE DE FOME: TEATRO

Esta é do Elio Gaspari, publicada em vários jornais do país na semana semana que funda que reproduzo.
“Nosso Guia, ou Grande Mestre, como diz a comissária Rousseff comparou as razões dos dissidentes cubanos que fazem greve de fome às dos delinquentes das prisões nacionais. O aspecto autoritário, intolerante e até mesmo servil da fala de Lula já foi universalmente exposto, mas resta um detalhe: a natureza farsesca de seu próprio recurso à greve de fome.
Em 1980, quando penou 31 dias de cadeia que ajuram-no a embolsar pelo Bolsa-Ditadura um capital capaz de gerar mais de R$ 1 milhão, Lula fez quatro dias de greve de fome. Apanhado escondendo guloseimas, reclamou: “Como esse cara é xiita! O que é que tem guardarmos duas balinhas, companheiro?”.
Em 1998, quando os sequestradores do empresário Abílio Diniz fizeram greve de fome na cadeia, Lula ligou para o presidente Fernando Henrique Cardoso e intercedeu por eles: “ Olha, Fernando, você vai levar para a tua biografia a morte desses caras”.
(Dar o mesmo telefonema para Raul Castro, nem pensar.)
Nesse mesmo ano, quando Lula sentiu-se massacrado pelas denúncias de intimidades imobiliárias com o empresário Roberto Teixeira, saiu em busca de apoios e disse que cogitava fazer uma greve de fome. Não fez, e tanto ele como Teixeira alimentam-se bem até hoje.
Recordar é viver. Em plena ditadura, o presidente Ernesto Geisel foi confrontado por uma greve de fome de 33 presos políticos da Ilha Grande, que reivindicavam transferência para o continente. Quando o jejum estava no 14º. dia, Geisel capitulou: “Ceder a uma greve de fome é duro, mas eu prefiro ceder”.

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