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O REALEJO

Ao passar pela Rua da Praia, mais precisamente, pela Praça da Alfândega, observa-se a concentração de pessoas que utilizam a praça para lazer, passar o tempo, engraxar o sapato, ler um jornal ou revista, comprar um “regalo” dos camelôs, como dizem os nossos turistas argentinos e assistir exibições artísticas, sejam de cantores, músicos e pintores. Chama a atenção especial o som instrumental de um velho realejo executado por um francês de 55 anos de idade, nascido em Marselha, Jean Marie Olive.
Na semana passada perdi alguns minutos do meu trabalho para admirar Olive e seu realejo executando e cantando músicas de Edit Piaff, Charles Aznavour e outros famosos cantores franceses. Foi uma delícia!
Entre uma e outra canção ele conversa com as pessoas que o rodeiam e oferece seus discos CDs. Pois, foi numa dessas paradas que me dirigi a ele e perguntei há quanto tempo ele tocava o seu instrumento.
- Há 30 anos, me respondeu! Seu realejo foi construído em 1903 e recebeu de herança da família.- Ele viaja pelo mundo, já tendo visitado 70 países. Eu nunca tinha visto de perto um realejo. É um instrumento fantástico: como uma caixa com uma manivela pode produzir um som tão agradável, além do que as interpretações vocais de Olive!Ao acionar a manivela, esta produz ar comprimido que sai pelos orifícios da partitura introduzida no instrumento, e curiosamente, ouve-se a música. Segundo Olive, existem somente cinco aparelhos como o dele no mundo.Outra curiosidade são as partituras. Elas são confeccionadas em placas de uma madeira fina especial, quadriculadas de cerca de 40 centímetros quadrados uma colada à outra, como se fosse uma cinta. À medida que são puxadas para o interior da caixa do realejo, produz-se o som. Ele carrega consigo mais de 150 partituras diferentes.A Rua da Praia de Porto Alegre e a Praça da Alfândega, como o Brique da Redenção, sempre oferecem surpresas atraentes e insinuantes. Por isso, quando você visitar a Capital do Estado, vale à pena conhecer esses locais. Sempre há algo novo para atrair a nossa atenção.