terça-feira, novembro 24, 2009

INDEPENDÊNCIA DO LÍBANO

Bonita homenagem foi prestada na sessão desta terça-feira pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul a República do Líbano, durante o Grande Expediente, pelo deputado Luiz Fernando Záchia, líder da bancada do PMDB.
Localizado no Oeste da Ásia, o Líbano tornou-se independente da França há 66 anos no dia 22 de novembro de 1949. Em seu discurso o deputado Záchia disse que o país de seus ancestrais tem hoje uma população menor do que o número de descendentes que moram no Brasil, cerca de seis milhões.
Através de seu pronunciamento ficamos sabendo mais a respeito da cultura libanesa e da contribuição trazida ao nosso estado representado na medicina, nas finanças, no comécio e na política dos que vivem hoje no Brasil.
Ele também abordou a história do povo libanês, que cultua uma história com mais de seis mil anos de civilização documentada com escrita. “Os fenícios, dos quais o povo libanês é herdeiro direto, criaram o alfabeto fonético, o Alfabeto de Biblos, com 22 letras e o propagou pelo mundo. Biblos é a cidade mais antiga do mundo a editar a Bíblia. Já no século dois depois de Cristo, Beirute, a capital do Líbano, já era chamada de Mãe das Leis, por já possuir a sua Escola de Direito, que teve um papel preponderante na constituição do Código de Justiniano.
O Líbano moderno também foi objeto da fala do deputado Zachia. “Um país que emerge de um período pós-guerra civil. Um período de crescimento acelerado, de reconstrução e de reunificação dos povos que formam a nação libanesa. Em Beirute acontece um grande movimento de restauração, reavivando uma arquitetura riquíssima que mistura elementos que vêm desde os fenícios, passando por romanos, árabes e ocidentais. No Líbano, mais de 6 mil anos de história são contados em cada rua, em cada prédio, em cada monumento erguido na cidade.”
A história do Líbano remonta a vários séculos, a três mil anos antes de Cristo, a partir dos fenícios. Foram os semitas, vindos da Mesopotâmia (atual Iraque), que se estabeleceram na costa libanesa no terceiro milênio antes de Cristo. Esses semitas são chamados também de cananeus, e a Antigüidade Clássica os denominou de fenícios. Eles fundaram numerosos núcleos urbanos na costa do Mediterrâneo, como Byblos, Beirute, Sidon e Tiro. Depois foram anos de luta, ocupação e domínio da região por outros povos, principalmente os turcos, que permaneceram no país entre 1516 e 1914. Até que, ao final da Primeira Guerra Mundial, com a expulsão das tropas germano-turcas, o Líbano foi ocupado militarmente por franceses e ingleses. Em março de 1943, foi declarada a independência do país. Não se pode esquecer que o Líbano sofreu, ao longo de sua história, diversas influências, de povos variados. Persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes em toda a sua extensão, mamelucos, otomanos e franceses passaram pelas terras dos cedros e ajudaram a compor uma nação marcada pelo respeito às diferenças. Nisso, o Líbano não difere muito do nosso Brasil, país modelo de convivência harmoniosa e conciliação de interesses. Uma coisa que nunca foi registrada nos anais da Humanidade é que o Líbano tenha atacado ou conspirado contra quem quer que seja, ou que ele tenha se aliado a outros para fins nefastos. O Líbano nunca deixou de ser uma fonte de bondade, de incentivo e de serviços. Nunca falhou em inspirar a paz, não apenas para si próprio, mas para seus vizinhos e para todo o mundo. Os jovens libaneses, como seus ancestrais fenícios, sempre foram obcecados pela aventura da liberdade. Na história contemporânea, nosso Imperador Dom Pedro II visitou o Líbano em novembro de 1876. Nessa ocasião, o Imperador ficou encantado com o dinamismo do povo libanês e conclamou-o a emigrar para o Brasil, classificando o País de terra da promissão. O chamado foi atendido, estreitando os laços de amizade entre esses dois países. Sobre o Líbano, D. Pedro II escreveu: O Líbano ergue-se diante de mim com seus cimos nevados, seu aspecto severo, como convém a essa sentinela da Terra Santa. A beleza do Líbano encantou o Imperador. E tem encantado a todos que conhecem o País dos Cedros. Antigamente, todas as montanhas do Líbano estavam cobertas de cedros. A árvore é muitas vezes mencionada na Bíblia, e está até em sua própria bandeira e simboliza força e eternidade. As belezas do país são iluminadas por sua geografia sua larga planície costeira e suas montanhas de norte a sul. O vale fértil de Bekaa, a fortaleza de Baalbeck e seus festivais de cultura, as cidades históricas de Byblos, das mais antigas do mundo, e Beirute, a cidade que se recusa a desaparecer. A história de Beirute merece um capítulo à parte. A cidade foi completamente destruída durante uma série de terremotos, no século VI, e assim permaneceu por cerca de cem anos. No ano de 635, a cidade foi reconstruída pelos árabes, após a conquista islâmica, mas foi novamente destruída, em 1102, pelos cruzados. Em 1516, foi invadida pelos mamlouks, vindos do Egito, e pelos turcos, que lá permaneceram até 1914. No fim do século XIX, Beirute tornou-se a porta de entrada do Oriente, atraindo capitais estrangeiros e tornando-se o centro bancário da região. Até 1970, a cidade ficou conhecida como a Suíça do Oriente Médio.
Alguns descendentes de libaneses que se destacaram na política brasileira: no Senado, o falecido Presidente Ramez Tebet, ex-ministro e, sem medo de errar, o primeiro descendente de libanês a ocupar uma cadeira noCongresso brasileiro. Senador gaúcho Pedro Simon. Também destacam-se os ex-Governadores Tasso Jereissati, Esperidião Amin e Paulo Maluf; os Deputados Michel Temer, atual Presidente da Câmara dos Deputados, Ricardo Izar e Nelson Trad e o ex- Deputado Guilherme Afif Domingos, ex-Presidente da Confederação das Associações Comerciais do Brasil. Na área da saúde, apenas para citar três nomes, temos Adib Jatene, Elias Murad e Raul Cutait. Na literatura, Milton Hatoum, Salim Miguel, Raduan Nassar e Mansur Chalita. Na publicidade, Roberto Duailibi, da Agência DPZ. Na indústria, Antônio Fara e Carlos Ghosn, da Nissan. Na área de serviços, Salim Matar, da Localiza. Na jurisprudência, Francisco Rezek, da Corte Internacional de Justiça da ONU, e os ex-Ministros da Justiça Alfredo Nasser e Ibrahim Abi-Ackel. Na área de educação, o destaque é para Gabriel Chalita, Paulo Sarkis, Reitor da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e Lauro Morhy, Reitor da Universidade de Brasília. Na diplomacia, para citar apenas um o Embaixador José Maurício Bustani. E no turismo, entre tantos, o empresário José Carlos Daux, proprietário de uma rede de hotéis em Florianópolis, Santa Catarina. Esses são alguns dos milhares de libaneses e seus descendentes que se destacaram e se destacam em várias áreas de atividades no Brasil.
Ao lembrar a saga desse povo extraordinário, a sua história de ocupações indevidas que tantos sofrimentos causaram a sua gente que sobreviveu a uma situação quase anárquica ao longo de sua história e à sua revelia por conta das incompreensões mundiais e dessas ocupações, faço coro, modestamente, as homenagens que são prestadas ao Líbano pelas comemorações de sua independência.

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