segunda-feira, setembro 14, 2009

QUANTO MAIS CONHEÇO OS HOMENS MAIS ADMIRO OS CACHORROS

Desde criança sempre gostei de animais, preferencialmente de cachorros. Se pudesse teria 100. Hoje, está comigo – e já vai para 5 anos – a Laila, uma daunschaund, mais conhecida como “linguicinha”. Ela está comigo desde quando vim de Brasília, hoje está com 4 anos de idade. Ela entende tudo, cuida do apartamento, dá sinal quando alguém sai do elevador, não faz sujeira é um fenômeno, em matéria de cão. Os veterinários e os domesticadores dizem que a gente não deve tratar o cachorro como gente, mas a gente não se segura e acaba retribuindo o que o animal nos proporciona com atitudes como fosse gente.
Recentemente estreou no canal pago Animal Planet, a 3ª temporada da série “O Encantador de Cães”, estrelada por Cesar Millan, mexicano especialista em comportamento canino, notório por conseguir resolver uma ampla variedade de problemas, desde cães agressivos até outros marcados por traumas e manias diversas.
Em entrevista coletiva concedida por telefone, o especialista falou sobre a carreira, o programa na televisão e técnicas para entender os animais:

“Como você se prepara para cada caso mostrado no programa?

Cesar Millan: Bom, a verdade é que nunca sei o que vai acontecer em cada caso. A produção só me diz que horas vamos gravar e os produtores mesmos é que assistem os vídeos e selecionam os cães para cuidar.
Prefiro não saber nada, assim tenho a surpresa, quero experimentar o momento em que conheço o cachorro e ele conhece a mim. Isso é importante porque dessa forma eu avalio o presente, o que acontece naquele momento, e não o que foi gravado e enviado no vídeo. Assim eu consigo manter um relacionamento fresco e sincero. Um problema comum é que muitos de meus clientes vivem pensando no passado ou projetando o futuro e deste jeito eu consigo fazê-los pensar no agora, no presente.
Por outro lado, me preparo fisicamente, faço caminhadas todas as manhãs e sempre levo comigo um grupo de cinco ou seis dos meus cachorros para me ajudar. Não sei se o cão que vou cuidar está ansioso, nervoso ou o que seja então levo um dos meus que vai me ajudar a definir isso.

Qual foi o caso mais difícil que você lidou?

Cesar Millan: Meus casos mais difíceis são sempre com as pessoas, não os animais. A pessoa demora a entender que precisa tratar o cão como animal e não como um ser humano.
O cão deseja apenas ser feliz, agir naturalmente e muitas vezes o obstáculo que o impede não é a agressividade, medo ou ansiedade, mas sim o fato de que o dono não quer que o cachorro seja um cachorro.

Você acredita que os animais se comunicam pela energia e que podem, de certa maneira, serem reflexos do estado de espírito de uma pessoa?

Cesar Millan: Claro, absolutamente. O cão expressa como você se sente, mas não por palavras. Se há tensão na casa o cachorro fica tenso, se há medo ele fica com receio e da mesma forma com sentimentos positivos. Mas ele não nasce sabendo isso, ele aprende na sua casa. Por isso, quando vou à casa de uma pessoa sei que ela vai me contar uma história, que pode ser real ou não, mas o cachorro vai me contar a verdade. Uma vez, um mexicano chamado Ernesto foi mordido por um cachorro na Cidade do México. Ele se mudou para os Estados Unidos, criou uma família e os filhos queriam um cachorro. Como ele morria de medo de cães, veio me pedir ajuda e explicou que tinha medo de qualquer tipo de cachorro, até chihuahuas.
O que fiz? Coloquei-o no meio de um monte de cachorros. Como todos estavam treinados foram brincalhões, caso contrário sentiriam o mesmo medo de Ernesto e o teriam atacado. É como a natureza funciona.

Muitos treinadores concordam com você que é importante trabalhar a energia do animal. Porém, muitos são contra os seus métodos, consideram eles muito fortes e repressivos. Por exemplo, poucas vezes se vê no programa você premiando os cães com biscoitos ou coisa do tipo. O que você acha sobre isso?

Cesar Millan: O caso é que há diferentes formas de premiar um cachorro. Realmente é um costume premiar com um biscoito quando ele faz algo que desejamos. O problema é que aqui na América os cães são estimulados exageradamente e assim não conseguem ter uma mente tranqüila e relaxada. Por isso também é bom premiar com relaxamento e amor, sem a excitação. Não quer dizer que não se está fazendo algo de bom para o cachorro, mas sim que algo está sendo feito de forma pacífica. O cão sente sua energia, ele sabe que você está feliz por causa do que ele fez. A maioria dos meus casos no programa envolve cães agressivos, hiperativos, nos quais premiar com empolgação pode ser um equívoco. Recentemente ajudei uma professora de psicologia que tinha problemas para lidar com dois chichuahuas. Sabe qual era o problema? Carinho em excesso. Você pode desequilibrar totalmente um cão ao lhe dar muito afeto e torná-lo agressivo”.

A entrevista é mais longa, mas o mais importante está ai acima. Como disse, gosto muito de cachorro, e mesmo contrariando o que disse Cesar Millan que o cão precisa ser tratado como animal e não como gente, não vou mudar a forma como cuido e trato da minha Laila. Sabem por quê?
- Porque quanto mais conheço os homens, mais admiro os cachorros!

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