domingo, agosto 22, 2010

REZE PARA NÃO FICAR DOENTE
A saúde neste país e neste estado vai de mal a pior. As emergências estão lotadas e alguns hospitais chegaram até fechar neste sábado, pelo grande número de pessoas que buscavam atendimento.
Em ocasiões anteriores exaltei o trabalho da Santa Casa de Misericórdia, da sua direção, dos funcionários e médicos. Mas hoje pela primeira vez, vejo-me obrigado a criticar esta instituição, que não se sabe por que neste sábado, por mais de uma vez fechou a porta do setor de atendimento emergencial.
Uma senhora que havia ingressado no setor as 14,30h só saiu a 0,30h, ou seja, permaneceu aguardando atendimento 9h na sala até ser consultada. Isto é um absurdo. Disse-me ela que mesmo assim se dava por satisfeita porque havia gente que lá estava desde as 10h da manhã. E isso é atendimento de urgência demorar nove horas?
Os hospitais, lamentavelmente, estão nessa situação. Acho que num caso tão acentuado de demanda como nos últimos dias, ás direções têm que apresentar, se não uma solução, pelo menos algo que desafogue a extraordinária procura. Os médicos que façam um mutirão redobrem o pessoal de enfermagem. Algo tem de ser feito. Ontem, por exemplo, houve momento que para atender em torno de cem pessoas só havia um médico trabalhando. Isso não pode acontecer.
A explicação veio mais tarde, pois nem todos sabiam que os médicos residentes participavam de uma greve nacional cuja paralisação provocou, nas últimas 72 horas, cancelamentos de consultas agendadas em Porto Alegre. Os transtornos atingem principalmente o Hospital de Clínicas, onde, de acordo com a assessoria da instituição, dezenas de atendimentos foram reagendados ao longo da sexta-feira. O local conta com mais de 400 profissionais residentes e a estimativa é de que 90% deles tenham paralisado as atividades.
Na emergência do Clínicas, a espera também é maior para a população. Médicos e enfermeiras foram proibidos de conceder entrevistas, mas funcionários relataram informalmente que notam desde terça - quando a greve começou - movimento ainda mais elevado de pacientes. No final da tarde de sábado 130 pessoas estavam no local, que tem apenas 49 leitos.
A situação ficou ainda mais crítica em razão das superlotações registradas nesta semana nos hospitais São Lucas da PUC e Santa Casa. “Como os residentes auxiliam em procedimentos no SUS (Sistema Único de Saúde), a demora começa a ficar maior e, inclusive, cirurgias estão sendo remarcadas”, confirma o presidente da Associação Nacional da categoria, Níveo Moreira.
Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), na Capital a adesão à greve também é expressiva no Grupo Hospitalar Conceição (GHC), no Complexo Santa Casa e no Instituto de Cardiologia. O sindicato informou ainda que, no Interior, o apoio a paralisação é maior em hospitais de Rio Grande, Caxias do Sul, Passo Fundo e Santa Maria.
As negociações entre o governo federal e os residentes para encerrar a paralisação emperraram. A categoria, indignada com o congelamento das bolsas-auxílio desde 2006, exige reajuste de 38%. Nesta semana, o governo ofereceu aumento de 20%, mas a proposta foi recusada, o que manteve a paralisação por tempo indeterminado. “Queremos com a greve, valorizar a residência médica, e assim, qualificar o atendimento à população”, defende Moreira.
Enquanto isto quem paga o pato é a população e o governo preocupado com a campanha eleitoral de sua candidata. Só esse fato já é argumento suficiente para fazer valer o voto de protesto na eleição de 3 de outubro.

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