segunda-feira, agosto 30, 2010

FEUDALISMO E SAÚDE
Há tempos que conheço o caminhoneiro Lotario Wessling, de Venâncio Aires. Seguidamente me telefonava reclamando do governo pela falta de segurança e estado lastimável das rodovias e da exploração dos pedágios. Nas horas vagas ele colabora com os jornais de sua cidade, envia torpedos para as emissoras de rádio, sempre com o intuito de informar, e, também, ás vezes, protestar.
Na edição do Jornal do Comércio da última segunda-feira, 23, ele assina uma matéria de duas colunas onde, concisamente, fala sobre o feudalismo moderno. Reproduzo o que ele escreveu porque achei interessante e oportuno.
“Qualquer cidadão razoavelmente politizado percebe que, nos últimos anos, ações de intimidação de setores importantes da sociedade, nocivas e até perigosas para a nossa democracia “meia-boca” estão sendo desenvolvidas. Ações orquestradas, principalmente, por grupos de “feudos” acomodados em meio ao emaranhado de empreiteiras/concessões de rodovias, que supostamente compõem atualmente um dos maiores (senão o maior) e mais sofisticado esquema de corrupção (caixa-preta) das últimas décadas em nosso País.
Se não tivermos a capacidade de descartar, pelo menos, boa parte dos políticos corruptos nas próximas eleições e a sociedade doravante não aprender a boicotar alguns veículos de comunicação que contribuem na blindagem desses grupos, entraremos para a história como uma geração desagregada (acomodada), que se deixou manipular e intimidar a tal ponto de ser incapaz de impedir a consolidação de uma espécie de feudalismo no século XXI”.
Se o amigo Wessling vê tudo isso no setor de empreiteiras e concessões o que dizer da saúde!!!!
Não sou eu que digo, é o Simers que afirma: falta tudo na saúde municipal.
O diretor do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Jorge Luiz Eltz de Souza, em maio deste ano participou na Câmara Municipal de Porto Alegre de um debate onde apresentou relatório elaborado pela entidade sobre a situação da saúde pública no município. "Faltam médicos, remédios, exames e internações. Tudo o que um paciente precisa, ele tem dificuldades em conseguir.
O HPS enfrenta falta de 20% no número de médicos necessários. No setor de Radiologia, eram 28 médicos e hoje são 12. Há superlotação causada por pacientes que não conseguem atendimento nos postos de saúde. O HPS está se transformando em um grande postão.
O Hospital Presidente Vargas está sucateado. Está virando um hospital fantasma. Alas inteiras estão fechadas. Cirurgias eletivas estão sendo canceladas.
Por outro lado, o Pronto-Atendimento da Cruzeiro do Sul (PACS) se transformou num hospital clandestino. Pacientes ficam até 14 dias internados numa sala de observação, quando deveriam ficar no local no máximo por 24 horas.
Quando houve a municipalização da saúde havia três centros de especialidades na cidade. Só no PAM-3 havia 50 especialistas. Hoje são oito. O tempo de espera para consulta com um especialista ou uma cirurgia varia de meses a um ano.
A terceirização nos serviços de saúde é outro problema apontado pelo Simers. O Programa de Saúde da Família já está no terceiro gestor terceirizado. Isso é passar a saúde pública para entidades que trabalham por lucro. A privatização, além de precarizar o serviço, ainda dá margem a desvio de recursos.
Realmente vivemos momentos difíceis. Há cada vez menos recursos. Em sete anos, deixaram de ser enviados pelo governo federal R$ 335 milhões.

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