segunda-feira, agosto 09, 2010

PESQUISA
Até que ponto se pode crer nelas (pesquisas)?
Pesquisas de opinião foram criadas para servir de ferramenta para as equipes de marketing de empresas testarem seus produtos e se preciso, adaptá-los ao gosto do consumidor. No viés eleitoral elas se tornaram uma poderosa arma usada para influenciar o eleitor indeciso a votar nos candidatos apontados pela maioria. Vendo por aí, até que ponto se pode acreditar nos resultados das pesquisas?
Valeria uma pesquisa às seguintes perguntas: você acredita em pesquisas de intenção de voto? Até que ponto elas influenciam a sua opinião. Vou começar respondendo. Eu acredito duvidando, ponderando entre outras coisas quem fez, quem pagou, e qual a margem de erro. Normalmente diminuo a margem de erro do percentual de quem está na frente, e somo no percentual de quem está atrás. Penso assim, chegar a um resultado perto do real. Já no segundo quesito não há a menor possibilidade de uma pesquisa de intenções de voto influenciar o meu. Mas admito fazer parte de um pequeno grupo no universo de eleitores.
Acontece que o que tem se visto na última década no Brasil, especialmente nas últimas eleições desde que Collor disputou com Lula e ganhou a presidência do Brasil, é que as pesquisas influenciam o eleitor indeciso a escolher onde, ou em quem “apostar” o seu voto.
Isto por que tem ficado clara uma tendência no eleitorado de baixa e média escolaridade de não querer “perder o voto”, escolhendo na urna aquele em quem se acredita, independente da possibilidade do candidato escolhido ganhar as eleições.
Quem paga, quem divulga, e quem lucra com isso?
A estratégia de contratar, pagar e fazer divulgar pesquisas favoráveis ao seu grupo político tem sido usada constantemente por áreas ligadas ao marketing de candidatos como elemento de influência. Talvez por isso elas estejam tão desacreditadas.
No Tocantins, se fizermos uma retrospectiva, os institutos já erraram feio. Até os maiores, e bem conceituados já foram vistos divulgando resultados completamente fora da realidade, para aproximá-los da leitura das ruas apenas na reta final (evitando passar muita vergonha e cair no descrédito).
É por isso que os veículos de comunicação devem ter muito cuidado e precaução redobrada na publicação de pesquisas quanto mais o pleito se aproxima. Se não foi o contratante, é melhor por as “barbas de molho”. Um resultado, mesmo honesto, correto e real, sempre serve a alguém. Mas quando traz indícios de ser manipulado, sem credibilidade e parte de fonte quase desconhecida já cheira mal de cara.
Neste domingo ouvi, somente num órgão de comunicação, cinco vezes em horários diferentes o resultado da última pesquisa feita no Rio Grande do Sul. Respeitando os que pensam diferente acho que foi um exagero, com a nítida intenção de propugnar a candidatura de quem foi apontado em primeiro lugar. Está na hora do Superior Tribunal Eleitoral se preocupar com a questão e proibir terminantemente a divulgação de tais pesquisas, pois usadas como estão sendo, nada diferencia de quem mantém albergues, por exemplo.
Ethan Edwards em comentário conciso, claro, elegante, introduz exemplarmente o tema das pesquisas eleitorais. Confira:
Não creio nesses números. Há muito tempo os institutos de pesquisa não pesquisam; tornaram-se parte da ação política deste ou daquele grupo/partido. O próprio PT, quando era outsider, (figura do cara que não se enquadra. Do sujeito que não faz questão de pertencer a nenhuma turma. O cara que no colégio sentava na última carteira, não falava com ninguém e ia embora sozinho) foi vítima desses esquemas. Em São Paulo, mais de uma vez apareceu, dois dias antes da eleição, com dez, vinte por cento a menos do que os votos que efetivamente obteve. No plebiscito sobre o desarmamento, todos os institutos “erraram” por muito, como “erraram” por muito, recentemente, na Colômbia. Os políticos já chegaram à conclusão de que pesquisa é coisa séria demais para ser deixada nas mãos de pesquisadores. Os institutos de pesquisa destinam-se, hoje, a induzir a opinião pública, não a compreendê-la.
Entretanto, é bom lembrar que as pesquisas podem muito, mas não podem tudo. Principalmente, elas não podem chocar-se contra o senso comum. Não há pesquisa capaz de impingir aos eleitores franceses um líder nacionalista que tenha sotaque alemão. Jânio Quadros e Collor eram loucos, mas o que diziam fazia sentido, inspirava confiança em milhões de pessoas, soava plausível. Lula literalmente enfeitiça seus eleitores. Dilma Rousseff é o oposto de tudo isso. É como se ela não conseguisse disfarçar um permanente e profundo enfado, quando não mal-estar, diante de todas essas “banalidades” que as pessoas comuns amam, respeitam, admiram. Um dos elementos do carisma é a simpatia. Dilma Rousseff é incapaz de gerar essa emoção. E isso nenhum instituto de pesquisa conseguirá lhe dar.
O senso comum prevalecerá.

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