domingo, maio 16, 2010

OS DEFICIENTES

“Cada um é responsável pela construção da própria felicidade”. Esta frase foi dita por Mara Gabrilli, vítima de acidente de carro que a deixou tetraplégica. Ela tinha na época 26 anos de idade e já se passou outro tanto, sendo que esse tanto corresponde a outros 26 anos como cadeirante.
Ela conta sua vida pós acidente à revista Veja e faz revelações que vale a pena ler. É um depoimento que emociona ao mais empedernido coração.
Diz que ficar preza a uma cadeira de rodas, no início, significava perder os parâmetros da própria existência, mas acabou se reeducando emocionalmente por vários aspectos. “Ao final, aprendi que, não importa a condição física, cada um é responsável pela construção da sua própria felicidade”.
Linda e profunda frase que merece uma reflexão maior.
Por exemplo: de que adianta termos pernas para caminhar - andar por toda parte - se nos caminhos que trilhamos elas (nossas pernas) nos levam para os descaminhos?
A lição de Mara Gabrilli e de tantos tetraplégicos, nos dá motivo para criticar o preconceito que boa parte dessas pessoas sofre pela sociedade. Sobre preconceito ela revela que certa ocasião, foi com uma amiga, advogada e poeta, que sofre de esclerose lateral amiotrófica, isto é, ela só movimento dos olhos, e é através deles que se comunica, assistir a um show de famoso artista. Como o seu caso é mais grave e necessita ficar permanentemente ligada a um aparelho que lhe auxilia a respirar, precisa ser transportada em uma maca.
Pois, a casa de espetáculos lhe cobrou o valor de quatro ingressos, sob a alegação de que ela ocuparia um espaço maior do que uma pessoa normal.
Vejam o absurdo e a que ponto chega a ganância e a insensibilidade!!!
Mais um pouco fazem o mesmo com cadeirantes ou obesos. Será que o gerente da casa de shows imaginou que, ao abrir uma exceção, uma fila de macas se formaria à porta?
Eu sei que você está curioso pra saber uma coisa que muita gente está se perguntando: como é a vida amorosa de uma tetraplégica? A repórter que entrevistou Ana Paula Buchalla fez essa indagação a Mara Gabrilli e ela respondeu com a maior liberalidade.
- Uma das primeiras perguntas que fiz ao médico, ainda na UTI, foi justamente o que aconteceria com a minha vida sexual. Houve uma adaptação, é claro, mas não acho de forma nenhuma que a cadeira me limite. Quer saber? Namorei durante sete anos e terminei no fim do ano passado. A minha vida sexual não é tão diferente assim. A intensidade da sensação não mudou. O que muda é a maneira de sentir.
O acidente significou a maior mudança na minha vida, mas não a maior dor. Ela não diminuiu vivências da adolescência, que considero muito mais determinantes para a formação da minha personalidade.
Que bonito exemplo!

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