quinta-feira, abril 01, 2010

O FIM DO ENSINO UNIVERSITÁRIO GRATUITO

Circulou pelos gabinetes dos deputados nesta terça-feira, 30, um panfleto em que adverte: a Uergs agoniza, está em vias de fechar suas portas, um descaso do governo.
Para quem não sabe, a Universidade Estadual foi concebida no governo Olívio Dutra (PT) com a finalidade de descentralizar o ensino universitário no Rio Grande do Sul instalando unidades em centros menores, e com isso evitando a evasão de capital humano das regiões onde ele é mais necessário.
A Uergs instalou unidades em 23 municípios: Alegrete, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Cruz Alta, Erechim, Guaíba, Montenegro, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, São Borja, São Luiz Gonzaga, Três Passos, Bagé, Cachoeira do Sul, Cidreira, Encantado, Frederico Westphalen, Ibirubá, Novo Hamburgo, Santana do Livramento, São Francisco de Paula, Tapes e Vacaria.
No atual governo o orçamento despencou para R$ 18 milhões, apenas. Durante o governo Rigotto, a UERGS chegou aos R$ 30 milhões em 2006. Quer dizer, neste governo não houve investimento. O descaso chegou a tanto que em Sananduva, os laboratórios de química e biologia até hoje não foram desencaixotados. Isso mesmo. Segundo o jornal Zero Hora, balanças de precisão, microscópios e outros equipamentos essenciais ao ensino continuam encaixotados porque a grana pra montar os laboratórios simplesmente não foi liberada pelo Governo do Estado.
Não bastassem as precárias condições de trabalho, os salários dos professores são aviltados e as contratações necessárias simplesmente não acontecem porque o Governo não quer. E isso tudo se refletiu no número de matrículas e de formandos.
A crise hoje é a falta de professores nas unidades. O quadro atual conta com 96 professores para atender mais de 3 mil alunos, nas 23 unidades espalhadas pelo Rio Grande do Sul. A média, segundo fui me informar, é de cerca de três professores/unidade para atender 24 cursos oferecidos, e a previsão para funcionamento adequado da Instituição seria no mínimo 300 docentes, sem falar nas condições precárias destas unidades. Falta laboratórios, água, luz, manutenção, acesso a internet e bibliotecas.
Nunca fui muito a favor de greve, mas acho que os professores da Uergs tem razão, porque se trata de um movimento justo em defesa de seus direitos e da Instituição. O que eles querem: contratação de 21 docentes cujos concursos já foram homologados, autorização para reposição de 116 docentes que deixaram a Universidade; reajuste de 9,92%+15% de gratificação para todos os docentes até a aprovação do plano de carreira e cumprimento integral do termo de compromisso assinado pelo Conselho Estadual de Educação. Essa massa de estudantes que as universidades da Grande Porto Alegre despejam no mercado de trabalho a cada semestre não está multiplicando geograficamente o conhecimento, não está contribuindo para o desenvolvimento harmônico do Estado como um todo. Ela se concentra aqui, e se perde em administradores pilotando táxis, engenheiros nas roletas dos ônibus e advogados supervisionando caixas de supermercados. A Uergs está agonizando, se mantendo apenas com aparelhos e oxigênio. Se removê-los, morre.

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