terça-feira, abril 06, 2010

REFLEXÕES E DECISÕES SOBRE A VIDA POLÍTICA

Causou surpresa e repercussão a decisão do deputado Alberto Oliveira (PMDB) ao anunciar o encerramento de sua vida pública não concorrendo nas próximas eleições a reeleição para a Assembleia Legislativa.
O parlamentar usou o espaço do Grande Expediente, nesta terça-feira (6) para noticiar sua resolução perante o parlamento, e na presença de sua família, esposa e filhos que assistiam seu pronunciamento das galerias.
Oliveira iniciou seu pronunciamento afirmando: “Comunico que vou concluir meu mandato e não disputarei a reeleição. Esta posição, porém, não me afastará do compromisso de prosseguir, em qualquer instância e em qualquer lugar, cultuando os valores que vejo como dignificantes na vida das pessoas, como lealdade, seriedade, interesse coletivo e ética”.
Num discurso crítico e emocionado, o parlamentar pemedebista consolidou sua decisão em argumentos que envolveram, segundo ele, profundas reflexões. “O fazer política não é algo superior e nem perfeito. Mas os erros ou comportamentos inadequados de alguns, em diversas esferas de organização, vêm fazendo com que a arte de se fazer política seja desrespeitada”.
Mais adiante, referiu-se aos que desvirtuam os objetivos da política. “Creio que todos os agentes políticos são movidos por uma força interior, nem sempre explicável, que os motivam a exercitar a arte da política. Para a maioria, esta é uma paixão constante, que tem o bem coletivo como a razão de ser. O exercício nobre da política deve ter como alicerce o ato virtuoso e não o ato delituoso”.
Sobre o PMDB, criticou a decisão do partido em não lançar candidato próprio à Presidência da República. E foi mais longe. Sobre o interesse por cargos e acordos eleitorais, o deputado Alberto Oliveira afirmou que esse comportamento “reduz as condições para que ele se fortaleça, de fato, como sendo o partido da esperança dos brasileiros”.
Oliveira também disse que vai dedicar-se ao trabalho de “combate às drogas, que ceifa vidas e o futuro de jovens, aniquila a felicidade de milhares de famílias e desagrega o tecido social”.
Lembrou seus 35 anos de MDB/PMDB e os principais momentos de sua vida política desde a participação em movimentos estudantis, eleito vereador, prefeito de Flores da Cunha, Secretário de Estado do Turismo no governo Antônio Britto, chefe da Casa Civil no governo Germano Rigotto até chegar a Assembleia eleito em 2006 com 36.516 votos
Prosseguindo na tribuna Alberto Oliveira criticou, a morosidade do Parlamento. “Que motivos podem contribuir para uma demora de meses na aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça, de uma proposição?”
Ele também falou sobre transformações que esperava para o Brasil, como a reforma eleitoral, reforma tributária, fiscal ou previdenciária. “Não é bom para a democracia que partidos substituam o debate de temas relevantes e transformadores para a Nação e Estado pela barganha por cargos, emendas parlamentares, liberação de verbas e condicionamentos políticos”, prognosticou.
Lembrou que a opinião pública está em contato direto com o legislativo. “Pouco se valoriza o comportamento virtuoso da grande maioria. Muito se valoriza o comportamento delituoso de poucos. Isso gera desconforto, vergonha e desencanto e atinge de maneira feroz e injusta aos políticos que lutam pela vida pública honrada”.
Ao final emocionou-se, após as manifestações de seus pares em apartes. “Todos já conhecem o encanto, a felicidade e o amor que tenho pela família. Agradeço, de modo muito especial, a presença aqui da minha esposa Ana, conselheira, compreensiva e carinhosa companheira, e a sublime presença de Juliana e Auber, meus filhos encantadores. Onde eu estiver, e o que estiver fazendo, serei protegido e protegerei, para que nossas vidas continuem a ser comunhão de fé, amor e vida digna e honrada”.
Perde o PMDB e o Parlamento gaúcho um grande líder, alguém cuja atividade política foi respeitada até pela oposição.
Oxalá o Rio Grande e o Brasil tivessem muitos Albertos Oliveiras, certamente o roubo, a fraude e a corrupção não ganhariam espaço. O deputado não disse, mas deu para notar que deixa a vida política gaúcha com mágoa e decepção.

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