sexta-feira, janeiro 15, 2010

DECEPÇÃO – DEMAGOGIA
A televisão mostrou ontem ao meio dia a dramática situação de 20 famílias que ficaram na rua em Porto Alegre, sem seus casebres, por uma decisão judicial de reintegração de posse. Há oito anos residiam numa área invadida. O dia amanhecia e o mandado judicial era cumprido com a presença de forte aparato policial e a presença de funcionários do município que demoliam as casas. Foi muito triste ver famílias inteiras com crianças ficarem na rua, sem saber para onde ir. O proprietário da área tem razão, é dele, é um direito seu não permitir que outros a ocupem. A culpa é dos governos tanto federal, estadual como municipal que alimentam expectativas através de promessas de moradias populares e não cumprem.
O que se viu ontem foi algo parecido com o tremor de terra no Haiti. De uma hora para outra as casas das famílias foram destruídas e sem saber para onde ir.Não somos contra que o governo ajude o Haiti como está auxiliando: 15 milhões de dólares para a reconstrução do seu país, medicamentos, água, comida, médicos etc. Que bom que temos condições de ajudar! Mas aqui bem mais próximo, os nossos irmãos desafortunados da sorte também precisam de auxílio e não serem desalojados acintosamente, sem piedade, e sem nenhuma esperança de ter o seu teto. É uma incoerência total, pra não dizer demagogia internacional.
Outra. E as centenas de famílias que foram vítimas das enchentes no centro do Estado? Até agora receberam alguma ajuda? Além de perderem suas residências, foram-se também as plantações, as criações, tudo o que possuíam. Os prejuízos, segundo levantamentos preliminares passam de meio milhão de reais. E até agora nenhum centavo do governo federal foi liberado para os flagelados.Para os brasileiros os rigores da burocracia, a exigência de levantamentos minuciosos, a demora torturante; para o Haití 15 milhões de dólares sem burocracia, e toda espécie de solidariedade.Os haitianos precisam ser auxiliados, sim, entretanto nesta hora como dizia Sócrates, um dos maiores filósofos gregos, não se pode ter um peso e duas medidas.

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