terça-feira, abril 26, 2011

SENADOR X REPÓRTER
Não é a primeira vez que um político investe contra um jornalista ou repórter e depois utiliza o plenário da Câmara ou Senado para se defender dizendo que não foi bem assim e que “perdeu a calma”. O caso foi o seguinte: um repórter da Rádio Bandeirantes abordou o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e perguntou-lhe se ele dispensaria sua aposentadoria que recebe do estado, para melhorar as finanças públicas. De forma truculenta o senador arrancou das mãos do repórter o gravador e só devolveu horas depois com o chip desgravado.
As opiniões sobre o lamentável fato se dividem entre os senadores e jornalistas. Todavia, uma ação contra Requião foi apresentada na terça-feira junto a Mesa Diretora do Senado.
Depois de ameaçar o jornalista da Rádio Bandeirantes, o ex-governador do Paraná disse: “Já pensou em apanhar, rapaz? Já pensou em apanhar? Me dá isso aqui. Não vai desligar mais p... nenhuma. Vou ficar com isso aqui”, disse Requião, que ficou com o gravador e com o cartão de memória do aparelho, só devolvendo os mesmos após ter confiscado a entrevista. Mais tarde, o próprio Requião publicou a gravação em sua página na internet.
Não contente com isso o senador Requião apresentou um projeto de lei que dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido por matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.
No texto do documento, apresentado, Requião propõe que, em casos de ofensa e direito de reposta, o “juiz poderá, a qualquer tempo, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, bem como modificar-lhe o valor ou a periodicidade, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva”. O projeto foi apresentado pela primeira vez quando ele, Requião, também era senador, entre 1995 a 2002.
Até a Câmara dos Deputados recebeu críticas do ex-governador do Paraná. Durante o discurso, da tribuna do Senado, classificou a Câmara como um local onde as propostas legislativas costumam ficar “emperradas”. Salientou que em outro mandato como senador apresentou, e o Senado aprovou, por unanimidade, projeto que dá direito de resposta a parte ofendida. Foi aprovado e arquivado na Câmara, “como costuma acontecer com frequência”, afirmou.
Requião é réu em cerca de dez processos referentes a ações, em sua maioria, ligadas à ofensa à honra e danos morais.
Por ai se vê que o homem não é trigo limpo, ele manda brasa mesmo, e depois diz que perdeu a paciência.
Não desejando entrar no mérito, acho que falta ao senador um pouco mais de equilíbrio, pois quem está chuva é para se molhar. Aliás, o sujeito quando entra para a vida pública sabe que a qualquer momento pode ser surpreendido com a presença de repórteres que às vezes deixam-nos de saia curta. É nessas ocasiões que a intemperança deve dar lugar ao equilíbrio, e sair do assédio ou de uma pergunta maliciosa com elegância, ecletismo e ponderação.
Diante dos fatos, o Sindicato dos Jornalistas quer que Requião seja julgado e punido. O pedido será agora encaminhado ao presidente da Casa, José Sarney  que abrirá prazo ao senador para apresentar suas justificativas ao fato, cabendo aos integrantes da Mesa Diretora decidir por encaminhar ou não o caso ao Conselho de Ética do Senado.
No documento de seis páginas, o sindicato ainda solicitou ao Senado a liberação da cópia das imagens do sistema de segurança do plenário, que devem ter flagrado o momento da ação do senador quando ele arrancou o gravador das mãos do repórter.
Quer saber de uma coisa? Não vai acontecer nada e tudo será arquivado.

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