terça-feira, dezembro 01, 2009

CORRUPÇÃO TEM OUTRO NOME: PANETONE

O cerco está cada vez mais fechado contra o governador de Brasília, José Roberto Arruda, foco principal dos últimos acontecimento que o colocam no centro das atenções do Brasil inteiro, acusado de participar de esquema de pagamento de propina a parlamentares da Câmara Legislativa local.
O DEM, partido do governador, prepara-se para expulsá-lo. A OAB – Ordem dos Advogados do Distrito Federal decidiu ontem abrir processo de impeachment contra o governador. Antes de ser encaminhado a Câmara Legislativa, o pedido precisa ser votado pelo conselho pleno da OAB, o que deve ocorrer nas próximas horas. Segundo observadores, a entidade vê indícios de que Arruda cometeu irregularidades. Por isso deve ser afastado do cargo.
Os vídeos publicados pela Internet e televisão, mostrando o governador recebendo maços de dinheiro de seu ex-colaborador Durval Barbosa, durante a campanha eleitoral de 2006 são escancaradamente escandalosos. Não há como duvidar ou não acreditar que tenha havido montagem, como quer fazer crer o governador para justificar o injustificável.
Para se defender Arruda ataca o ex-governador Joaquim Roriz que deixou-lhe “uma herança maldita”, referindo-se ao ex-Secretário de Relações Institucionais.
No comunicado distribuído à imprensa disse que confia na Justiça e que não abandonará o cargo. Quanto ao fato de Barbosa trabalhar no seu governo, Arruda disse que, ao saber que ele era réu em 32 processos, lhe deu uma função “meramente burocrática”, mas não explicou por que não demitiu o funcionário.
Ora, que desculpa mais esfarrapada!
Arruda sabia que ele era réu em 32 processos e o fez secretário de Relações Institucionais por quê? Pelos belos serviços prestados até ali? Ou será que precisava de alguém com o perfil de Durval?
Como Arruda era bonzinho: quantas toneladas de panetone o governador comprou para suas obras sociais?
Se recebia dinheiro (donativo) para obras sociais por que não criou uma comissão especial e abriu uma conta específica em banco movimentando-a através de cheque?
Uma outra pergunta que se impõe: como um sujeito que tem 32 processos nas costas transitava com grande desenvoltura no governo?
Se depender do líder da bancada no Senado, José Agripino Maia (RN), e na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) Arruda seria hoje mesmo sumariamente expulso.
Alguns analistas políticos ainda acreditam que o governador do DF pode se antecipar à possível expulsão e se desfiliar, repetindo o que fez em 2001, quando era membro do PSDB e participou da violação do sigilo do painel de votação do Senado.
Agora não é só o PT a vítima do mensalão. O mensalão do DEM já está caracterizado.
No fim da tarde de ontem no encontro que Arruda manteve com sete líderes do partido repetiu a afirmação de que o dinheiro que ele aparece recebendo de seu ex-secretário, responsável pela divulgação do vídeo, foi destinado a ações como a compra de panetones para famílias pobres do Distrito Federal.
O senador gaúcho Pedro Simon opinando sobre o escândalo da propina no DF disse:
- Vinte quatro horas antes de a denúncia ser divulgada, eu era fã do governador, até então considerado um administrador exemplar. Mas as gravações de vídeo e áudio não deixam dúvidas de que existe um mensalão do DEM, que opera mais ou menos no mesmo estilo do que foi denunciado no episódio envolvendo o PT em 2005 — afirmou Simon, completando em tom de desânimo:
— É triste constatar que as denúncias que derrubaram o Fernando Collor hoje parecem brincadeira de criança frente ao que estamos vendo. Em vez de melhorar, as coisas andaram para trás.

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