sábado, outubro 31, 2009

MORREU O ÚLTIMO DA SELEÇÃO DE 1950

Tenho que falar de vários assuntos. Dia de Todos os Santos, Dia de Finados e a morte do último jogador da seleção brasileira de 1950 Juvenal.
Vamos por partes. A festa do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. A Igreja Católica celebra a Festum omnium sanctorum a 1º de novembro seguido do dia dos fiéis defuntos a 2 de novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa. Na Igreja Luterana o dia é celebrado principalmente para lembrar que todas as pessoas batizadas são santas e também aquelas pessoas que faleceram no ano que passou. Em Portugal neste dia, as crianças costumam andar de porta em porta a pedir bolinhos, frutos secos e romãs.
No Brasil o dia de "Todos os Santos" é celebrado no dia 01 de novembro e o de "Finados" no dia 02 de novembro. O dia de todos os santos, no Brasil dito: dia de finados [errado porque a celebração é a mesma e com a mesma designação em toda a Igreja, com o objetivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano]. Esta tradição de recordar (fazer memória) os santos está na origem da composição do calendário Litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações. Missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais.

E o Juvenal se foi. Lembro da derrota do Brasil para o Uruguai naquela tarde de domingo. Eu tinha nessa época 14 anos e me encontrava no estádio do CER Atlântico para assistir um Atlânga, o maior clássico da cidade, com o Ypiranga. O Brasil entrou em campo com Barbosa, Augusto e Juvenal, 6 Nena • 7 Nilton Santos • 8 Bauer • 9 Bigode • 10 Danilo • 11 Noronha • 12 Rui • 13 Adãozinho • 14 Ademir • 15 Alfredo II • 16 Baltasar • 17 Chico • 18 Friaça • 19 Jair • 20 Maneca • 21 Rodrigues • 22 Zizinho • Treinador: Costa. Estes foram os 22 jogadores que terminaram vicecampeões da única Copa até hoje realizada aqui no Brasil.
Juvenal foi sepultado neste sábado, no Cemitério de Vila de Abrantes, município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, o corpo do zagueiro Juvenal Amarijo, falecido nesta sexta-feira, aos 86 anos, vítima de complicações respiratórias.
Ex-zagueiro de Flamengo, Palmeiras e Bahia e Ypiranga, onde encerrou a carreira em 1959, Juvenal era o único jogador titular da seleção brasileira na Copa de 1950 que restava vivo desde 12 de janeiro deste ano, quando morreu Friaça, autor do gol da derrota por 2 a 1 para o Uruguai.Juvenal iria completar 86 anos no próximo dia 27 e estava internado havia 15 dias no Hospital Geral de Camaçari. Ele vivia em condições precárias em um cômodo que foi construído para ele em um terreno cedido pela ex-mulher, Alvanira de Souza, em Jauá, localidade de Camaçari. Sofria de artrose nos joelhos e na bacia e não conseguia andar sem ajuda. Uma série de reportagens feitas em 2007 revelou que no único cômodo da casa sem reboco e infestada de cupins, ele passava a maior parte do tempo deitado na cama, ouvindo rádio. Não havia sequer chuveiro elétrico em sua casa, apenas um cano na parede em que tomava banho frio.
Com sua última companheira, Alvanira, ele teve três filhos: Juvenal Filho, Roberto, e Miguel, este último falecido em 2002, vítima de aneurisma cerebral. De dois outros relacionamentos, teve mais duas filhas, uma no Rio e outra em Salvador, com os quais quase não mantinha contato. Gaúcho de Santa Vitória do Palmar, Juvenal não gostava de falar do título mundial perdido em pleno Maracanã.
Seu maior orgulho era o almanaque produzido pelo Palmeiras por ocasião do cinqüentenário da conquista da Copa Rio. Na foto principal, tirada em cerimônia realizada pelo clube em 2001, Juvenal segurava a taça em companhia de Oberdan Catani e Jair Rosa Pinto, entre outros. Foi à última vez em que um clube de futebol o convocou para ficar concentrado em um hotel cinco estrelas. À época, ele ainda caminhava, mas já passava por dificuldades: era contínuo de um cartório de Salvador. Na condição de idoso, entrava pela porta da frente dos ônibus e rodava a cidade carregado de documentos. Nunca teve registro em carteira. Segundo o aposentado Evandro Simões, ex-jogador e sobrinho do ex-presidente do Bahia, Hamilton Simões, a vida boêmia e o gênio difícil abreviaram a carreira de Juvenal. Evandro diz que desistiu de ajudar Juvenal depois que ele fugiu do Hospital Irmã Dulce, onde havia conseguido um leito para ele com a ajuda de um amigo médico.
"Nos últimos dias, ele estava fumando muito e bebendo também. Isso prejudicou muito a saúde", informou a ex-companheira em entrevista ao jornal A Tarde.
Juvenal nasceu no dia 27 de novembro de 1923, em Santa Vitória do Palmar (RS). Jogou 11 vezes pela Seleção Brasileira e não fez gol.
Estes eram os jogadores de 1950: Barbosa, Castilho, Augusto, Nena, Juvenal, Bigode, Nilton Santos, Bauer, Danilo, Eli, Rui, Noronha, Friaça, Alfredo, Zizinho, Maneca, Ademir. Baltasar, Jair, Adãozinho, Chico e Rodrigues.

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