terça-feira, maio 10, 2011

O FIM DA AZALÉIA
Muito choro, desolação e decepção. Foi o que se viu nesta terça-feira quando cerca de 840 funcionários de uma das mais tradicionais fábricas de calçados do Rio Grande do Sul, a Azaléia, de Parobé, foram dispensados de suas atividades.
Funcionários com 24 anos de serviço, uma vida dedicada a empresa, hoje estão na rua. E os governos, tanto estadual como federal, omitem-se, nada fazem para socorrer o grande contingente de trabalhadores que não sabe o que vai fazer para retomar a sua vida.
A esperança desses trabalhadores é que sejam reempregados por cinco empresas de calçados da região que já manifestaram interesse para contratá-los.
O presidente da Azaléia e da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados explicou que a fábrica do Rio Grande do Sul era a de menor produção e maior custo, por isso foi escolhida para o fechamento.
Disse também que as empresas instaladas no Nordeste têm custos mais reduzidos, além de benefícios fiscais que barateiam a produção. Mas, a gente sabe que não é somente isso. Impostos altos, guerra fiscal entre estados e concorrência desigual somam-se a falta de apoio dos políticos e dos governos da União e do Estado que mostram-se omissos a um problema de tamanho alcance social.
Para Parobé a demissão dos trabalhadores da Azaléia vai dar um baque nas finanças do município, pois só ela era responsável por 30% do ICMS.
Ouvi ontem uma interessante e esclarecedora entrevista do diretor financeiro da Calçados Bibi, Rosnei Alfredo da Silva. Segundo ele a saída do mercado gaúcho e exportador da Azaléia se deve a uma estratégia de sobrevivência da própria empresa, que não tendo mais incentivo do que nos estados do Nordeste, resolveu fechar. Para Rosnei “a grande praga do modelo produtivo brasileiro são os impostos”. Revelou que só a Bahia proporciona 50 mil empregos diretos na indústria calçadista dando incentivo. Todo o nordeste hoje representa 120 mil empregos diretos na indústria de calçados, saídos basicamente do Rio Grande do Sul, afirmou o diretor financeiro da Bibi.
Explicou que ao contrário do Rio Grande do Sul, aos governos do Nordeste interessa dar emprego, pois oferecendo incentivos a indústria o imposto retorna sob a ótica de que aqueles que não tinham salário passaram a tê-lo e, consequentemente, acabam consumindo mais. “Aqui no Sul nós não temos os mesmos benefícios”, comentou numa crítica ao governo gaúcho.
Rosnei disse que o governo bem que poderia avaliar melhor a política de incentivos fiscais – pois como aqui é PT e na Bahia também é PT – deveria sentar na sala de aula e aprender com o PT baiano como ele atrai e retém investimentos produtivos.
Quem deve estar contente são os chineses. O governador gaúcho Tarso Genro no final da tarde falando a imprensa, limitou-se a criticar a Azaléia dizendo que a empresa recebeu dinheiro público; que deveria conceder aviso prévio de 30 dias e que vai rever a política de incentivos no estado.
O que temos que admitir é que o fechamento da Azaléia causou um impacto terrível apanhando todos de surpresa.

 

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