terça-feira, março 01, 2011

LEGISLATIVO DE CÓCORAS

Por dois anos (1990 a 1991) trabalhei na assessoria de imprensa do PFL na Assembleia Legialativa ao lado de jornalistas como Otálio Camargo, Clóvis Heberle e Capa Verde. Foi ali que conheci o senador Carlos Alberto Chiarelli. Mesmo desempenhando suas atividades em Brasília, sua assessoria de imprensa era feita em Porto Alegre.
O senador tinha por hábito, ás primeiras horas da manhã, saber tudo o que a imprensa gaúcha publicava. E uma das minhas missões era preparar um “cliping” com o máximo de informações colhidas junto aos jornais Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio e emissoras de rádio Guaíba, Bandeirantes e Gaúcha. O senador, andasse por onde andasse, era informado dos acontecimentos políticos do dia. Depois de ter sido ministro da Educação no governo Fernando Collor, abandou a política, e há 20 anos dedica-se á consultoria e é professor.
Nascido em Pelotas e criado em Uruguaiana, Carlos Alberto Gomes Chiarelli, 70 anos, é advogado. Também trabalhou como jornalista do Diário Popular e lecionou no Colégio Pelotense. Fez pós-graduação em Previdência Social na Espanha e em Direito do Trabalho na Universidade de Roma (Itália), na Ufrgs e na Universidade de Colônia (Alemanha). Retornou a Pelotas e passou a lecionar Direito em universidades e a atuar na advocacia, especialmente para sindicatos de trabalhadores rurais. Começou na política pelo movimento estudantil. Filiou-se ao PDC e, após o golpe de 1964, na Arena. Em 1974, foi secretário nacional de Relações do Trabalho. No ano seguinte, assumiu a Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social. Em 1978, elegeu-se deputado federal e, em 1982, senador, já no PDS. Deixou a sigla em 1985 para fundar o PFL. Foi candidato a governador em 1986 e, em 1990, assumiu o Ministério da Educação do presidente Fernando Collor. Deixou o cargo em 1991 e abandonou a política. Hoje dá consultoria e é professor. Sou muito grato ao ex-senador ter me oportunizado ser um seu colaborador. Dos políticos que conheci foi o mais humano, correto e ducado
Lendo nesta segunda-feira o Jornal do Comércio chamou-me atenção parte da entrevista do ex-senador que tem tudo de verdade: “O Executivo absorveu as funções do Legislativo, que ficou de cócoras. O Legislativo não aprova um projeto de lei se quer de origem própria. Quem legisla é o Executivo, através de Medidas Provisórias (MPs). E as MPs eram para casos urgentes, algum ataque fronteiriço, um problema de inundação. Era a superexceção, mas virou a regra da regra da banalização”.
Para os que não sabem, cócoras é ficar sentado no chão ou sobre os calcanhares; agachado, pois é assim que há anos anda o nosso Legislativo: de cócoras.
                                                          
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Tudo o que escrever ou falar sobre Moacir Scliar, falecido na tarde de domingo em Porto Alegre, após 40 dias de internamento hospitalar, seria repetir o que disseram sobre sua vida e sua obra. Escritor, imortal da Academia de Letras, médico sanitarista, humanitário, pai e esposo.
Scliar era meu ícone. Os imortais também morrem.

Um comentário:

Clovis Heberle disse...

Chico, você foi um bom e competente colega daquela que para mim foi um das melhores assessorias de imprensa da área política do RS.
Um forte abraço, amigo
Clovis