terça-feira, março 22, 2011

TAMBÉM CONHECI CHICO TASSO
Encontrei-me casualmente com o Padre Antonio Valentini Neto, Pároco da Catedral São José, na secretaria da Paróquia, quando fazia a inscrição de meu filho para a catequese da Crisma, que este ano será em novembro. Foi um reencontro muito fraterno que permitiu por alguns momentos a recordação de alguns fatos ligados à criação da diocese; de nomes de sacerdotes que deixaram seus nomes lapidados na história do município, e a mostra de seu recente livro onde ele narra cuidadosamente os fatos notáveis ocorridos desde a chegada do primeiro sacerdote em Erechim.
Falei que gostaria de escrever algo sobre o Padre Benjamim Busato, que recordo ainda da sua intrepidez e ousadia, quando assomava o púlpito da antiga Igreja São José, para sua prédica dominical na missa das 10h.
Enquanto manifestava esta vontade, padre Antoninho, como é carinhosamente nominado pelos paroquianos, foi logo atalhando e me disse:
- Tenho um trabalho de pesquisa sobre a vida da Paróquia São José, fruto do I Fórum da Igreja Católica no Rio Grande do Sul que elaborei e que vai auxiliá-lo.
Ontem recebi por e-mail a preciosidade histórica de seu trabalho, onde ele elabora a biografia do Padre Benjamim, facilitando o meu trabalho de pesquisa e de lembranças dos fatos que marcaram a vida do ilustre sacerdote.
Ordenado padre no dia 09 de agosto de 1925, chegou a Erechim como vigário paroquial no dia 21 de janeiro de 1926 permanecendo até 1950 tendo interrompido por algum tempo seu ministério prebiteral indo residir no interior do Mato Grosso.  Regressou vários anos depois assumindo a capelania do Hospital de Caridade. Depois, até sua morte, foi capelão do Hospital Santa Isabel, de Gaurama. Morreu em acidente de trânsito, no dia 27 de março de 1984, pelas 14:00, ao tentar cruzar, com seu “fusquinha”, a BR 153, saída de Erechim para Gaurama. Seus restos mortais estão nos ossários da Catedral São José.
Uma das várias características da personalidade do Padre Benjamim era a sua oratória, forte e decisiva. Naquele tempo exigia que as mulheres cobrissem a cabeça com um véu para receber a comunhão, e o costume era os homens ocuparem os bancos do lado direito de entrada da igreja e as mulheres à esquerda. E ai da mulher que entrasse na igreja com vestido decotado, mandava sair.
Dentre as obras deixadas pelo Padre Benjamim Busato podem ser destacadas a Romaria Interestadual da Salette, em Marcelino Ramos; a construção da Igreja São José que custou a comunidade católica 690 contos de réis; dirigiu a Associação Rural e foi o maior incentivador do plantio de soja na região. Garantiu a construção da estrada de Erechim a Nonoai, intervindo junto ao Governo estadual. Adiantou dinheiro para o início das obras. Para garantir a energia elétrica de qualidade, assinou empréstimo de “mil contos” junto ao Banco Pfeifer. Fundou o Círculo Operário local. Conforme pesquisa de Sônia Mári Cima, que resultou na publicação de “Reza e Política, uma combinação na história do Pe. Busato em Erechim”, Pe. Benjamim chegou a ser indicado para ser candidato a Deputado estadual, mas não aceitou. De 1946 a 1947, foi membro e Presidente do Conselho de Administração (Câmara de Vereadores).
O Padre Benjamim era um estudioso e escritor. Deixou escrito inúmeras crônicas, e sua biblioteca era formada por mais de dois mil volumes. Usava o pseudônimo Chico Tasso. Muito se poderia falar de Chico Tasso (Pe.Benjamim), cuja vida foi sempre evidenciada e respeitada por todos que o conheceram. Como diz o Padre Antoninho: era um homem benemérito de grandes intuições. Um grande lutador. Combativo. Enxergava mais à frente.

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